quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Reflexões de um agnóstico sincero...

O texto abaixo foi extraído do meu mural no Facebook. Em resposta a um "amigo virtual" que sugeriu algo com que não concordo: que o agnóstico (ele generalizou) é um angustiado. Respondi de "uma canetada só". Sendo bem sincero, não querendo ofender ninguém. Apenas suplicando algo: que as pessoas não vejam as outras como se estivessem diante de um espelho. Claro que eu me senti no direito de tecer comentários acerca da cultura religiosa dele. Quem fala, tem que estar preparado para ouvir. Não estou generalizando. Apenas me dirijo a pessoas que não conseguem entender que existem outras que são normais, mesmo pensando de forma diverente.

Eis:

Sou agnóstico, vim de um lar adventista de tradição (com eu + dois irmãos formados em Teologia no SALT/IAE). Para ser sincero não tenho angústia não.

Acabou a desconfiança que eu sempre tive: será que nasci, como loteria, no lugar certo? Ou será que Deus gosta tanto de mim que me colocou no lugar certo enquanto bilhões não estão?

Sabe por que você não experimentou outra religião? Porque nasceu no contexto cristão.

Caso tivesse nascido e criado num outro contexto é bem provável que considerasse o cristianismo sem sentido, assim como muitos cristãos consideram as demais religiões sem sentido.

Não conheço uma pessoa que seja religiosa de verdade. Que tenha desbravado o mundo da fé, conhecido todas por inteiro e depois escolhido uma.

Você é fruto único do contexto cristão. Não é um religioso. É uma pessoa com uma cultura religiosa cristã muito forte. Também fui assim, mas tive coragem de dar um passo à frente...

Jesus é para você o ser que lhe colocaram na frente e ensinaram a enxergar. Fosse Buda, você seria um budista com argumentos poderosos ...

Tenho certeza que se você percorrer, com coragem e honestidade, o caminho que eu percorri, seus conceitos serão outros.

Faz tempo que deixei de considerar como válida a opinião das pessoas que só possuem uma versão de algum contexto filosófico, teológico, evolucionista...

Isso vale para teísta e ateísta.

Não pense que quero ser ofensivo. Estou apenas sendo sincero. Disse tudo isso para mim mesmo pois vi que meu ponto de vista era sofrível. Não passava de um samba de uma nota só.

Nem adianta dizer que a visão que você tem é diferente, especial, iluminada, única, mágica e oriunda da "verdade verdadeira"...

Já pensei assim também. Eu me considerava um grande felizardo, estudioso primoroso, nota A em Grego, Hebraico, Latim, Teologia Sistemática e quetais. (orava muito, vivia à luz da Justificação pela Fé). Nem adianta dizer que "não experimentei de verdade". Já ouvi isso demais. Inclusive de pessoas que hoje pensam como eu (antes não pensavam, deram um passo à frente e mudaram).

AFIRMO, POIS VIVI ISSO: todos os que percorreram o caminho que percorri mudaram de opinião. Não mudaram de caráter. Não apostataram. Apenas enxergaram o que saltava aos olhos, mas que era obliterado pela visão obtusa e única.

Tudo o que aprendi era dirigido. Mostraram para mim apenas o que era interessante para que eu ficasse no mesmo lugar e acreditasse que vivia sob a luz e com pena dos coitados que não enxergavam a luz que para mim era tão clara.

Um dia eu parei e pensei: não sou robô. Penso por mim mesmo. Vou verificar. Vou reestudar o cristianismo, vou reestudar o VT, as religiões hebraicas. O judaísmo que é bem mais antigo que o cristianismo. Quero saber o que pensam os orientais.

Descobri que não sou nada. Minha luz não é maior do que a de ninguém. Que não existe igreja exclusiva. Líder exclusivo. Que sou cristão porque nasci no Brasil. Poderia ser qualquer coisa, caso tivesse nascido em qualquer outro lugar.

Não é difícil enxergar o óbvio. O difícil é ter coragem para aceitar a realidade...

Sou apenas um agnóstico, que não se enfia em teses insustentáveis (teístas ou ateístas).

Não sinta pena de mim, por não ver tão "claramente" como você. Isso me obrigaria a sentir piedade de você, por não ter percorrido o maravilhoso e ao mesmo tempo doloroso e real caminho que trilhei...

Humildemente: apenas isso...

Enéias Teles Borges

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