sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Um ateu praticante...

Do blogue DEUSILUSÃO

Eu sou ateu. Praticante.

O ateu não é, como muito estupidamente se pensa, aquela pessoa que ‘não acredita em nada’. Eu acredito, sim, em muitas coisas. Uma delas é que um mundo sem religião seria um lugar bem melhor para se viver. As pessoas poderiam muito bem inventar quantos deuses quisessem para adorar, pelos quais estragassem as suas vidas e desperdiçassem o  seu tempo. Isso seria problema delas, desde que mantivessem esses hábitos na sua privacidade. Entretanto, a religião é o que faz com que essas ilusões se tornem prejudiciais não só para quem nelas acredita, mas  para todos nós.

Você pode querer argumentar que a “sua” religião é uma religião “do bem”, “boazinha”, “não faz mal a ninguém”, isso querendo comparar com, digamos, a religião muçulmana. Mas como você, obviamente, não consegue entender, se a sua religião não é uma das três grandes monoteístas — cristã, judaica e islâmica –, nem a dos mórmons, nem a hindu, nem uma das outras menores,  se a “sua” não é uma dessas, é com absoluta certeza uma ramificação de uma delas, ou uma ramificação de uma ramificação, dentre as inúmeras outras que pipocam todo dia no “mercado”, e que você “a escolheu” porque ela serviu em você — como um sapato. Mas, assim como o sapato, a “sua” religião também foi fabricada para suprir uma necessidade sua e gerar renda para o seu fabricante. Você obviamente não tem interesse em enxergar a quantidade de gente que está enriquecendo com isso; mas outras pessoas enxergaram: daí o motivo de tantas “novas” igrejas. A indústria da fé.

Mas o seu argumento continua de pé: sua religião é do bem. Você pode querer dizer que a sua religião não quer dominar o mundo, matar infiéis, impor à força o seu Deus, governar o país, etc. Você pode dizer, por exemplo, que não pertence à fé cristã, que ceifou milhões — milhões — de vidas humanas ao longo da História pela fogueira, pela tortura, pela espada, pelas guerras e por aí afora. Mas o que você também não entende, e talvez mesmo não queira entender, é que ela só não fez isso tudo porque nunca teve o poder para isso. Nunca teve, ou não tem “ainda”.

Esse blog foi concebido não só para expressar algumas das minhas opiniões sobre Deus, religião, fé, ateísmo e tal. Eu pretendo convidar pessoas religiosas para lerem os meus textos e darem suas opiniões. Não farei isso na intenção de que se tornem ateias, de que aceitem a minha visão do mundo, mas, sim, com o tentador convite para que me convençam de suas crenças e derrubem as minhas, e que possam, com isso (quem sabe?), “salvar a minha alma”.

Um outro motivo para a criação do blog é a minha própria proteção. É mais seguro defender minhas opiniões daqui. Um ateu dificilmente conservaria todos os dentes na boca caso se atrevesse a usar o mesmo expediente de pregar em praça pública as suas convicções, tal como o crente faz. Não é nada fácil imaginar que um grupo de ateus seria capaz de se reunir e agredir um pregador que estivesse divulgando as suas crenças num local público. Entretanto, seria exatamente isso o que se poderia esperar dos religiosos se fosse um ateu o orador. Por isso eu prefiro a relativa segurança da web à insegurança do púlpito. Eu considero as pessoas religiosas tão inofensivas quanto um bêbado dirigindo uma escavadeira. Ou segurando um revólver. Um ateu covarde, vivo e “praticante” é infinitamente mais útil do que um ateu valente e morto. Nós, ateus, não precisamos de mártires.

Eu “criei” esse blog em 3 passos. Levou apenas 6 minutos. No 7º eu descansei.

Autor: Valmidênio Barros do Blogue DEUSILUSÃO.

Nota: Um dos melhores blogues da internet brasileira. Impossível ler os textos e deixar de imaginar uma mente inteligente por trás.

Enéias Teles Borges

sábado, 6 de agosto de 2011

Transmitindo a esperança...

Um líder de igreja local resolveu visitar seu superior para lhe pedir conselhos. Seu comandante era um homem escolado, idoso e com muita experiência no trato dos fiéis. Lá chegando abriu o coração.

- Está muito difícil cuidar da igreja. Sou procurado todos os dias para dar conselhos, efetuar casamentos, funerais e muitas outras atividades afins. Tenho consolado as pessoas, mas preciso ser franco: não consigo acreditar mais naquilo que doutrino.

O ancião olhou para aquele jovem líder de igreja local e lhe disse:

- Quanto eu tinha a sua idade tive que enfrentar as mesmas situações e depois, como você está fazendo agora, aconselhei-me com um ancião. Vou lhe transmitir o mesmo que ele me ensinou e aquilo que faço até hoje.

- Ele me ensinou (prosseguiu o ancião) que nós temos uma missão especial, pois somos mais fortes que a maioria das pessoas. Ensinou-me que os fiéis, assim como nós, vivem num mundo cão. Vivem e sofrem, tendo como consolo a esperança da fé que professam. Percorrem o vale da sombra da morte cultivando uma convicção que nós transmitimos: a de que depois desta vida miserável haverá uma vida melhor.

- Imagine se nós (disse mais o ancião), que não cremos no que pregamos, começássemos a mostrar para eles a realidade da vida e da morte. Imagine se mostrássemos que depois desta vida horrível e curta não existe mais nada além do nada eterno...

- Siga o meu conselho (concluiu o ancião), o mesmo que recebi com a sua idade. Continue transmitindo a esperança. Mesmo sabendo que ela está escudada em ficção, continue até que você fique velho como eu. Transmita um pouco de alegria aos membros da sua igreja. Eles não possuem nada além da fé! Imagine se também deixassem de possuir a esperança...

Foi assim que aquele jovem pastor de igreja local, seguiu cumprindo a sua missão. A de oferecer fantasia, para combater a dura realidade da vida e da morte.

Por que tirar a esperança de um povo, quando não se tem nada melhor para colocar no lugar? No mundo religioso a ignorância quanto à verdade da vida e da morte é importante fator de esperança. A esperança não precisa coadunar com a verdade...

 
Enéias Teles Borges