domingo, 13 de setembro de 2009

Jesus é o caminho, eu sou o pedágio


As culturas religiosas cristãs têm enfatizado, ao longo dos tempos, que Jesus Cristo é o caminho. O caminho, sabe-se, existe para ser percorrido. No caso em questão o mínimo que se espera é o uso do caminho de forma graciosa, conforme apontam as interpretações que tratam da morte vicária de Cristo. Deveria ser assim, mas efetivamente não é!

Qualquer centro de cultura religiosa, no seu proceder, tem uma frase que está estampada na prática dos seus ritos: “Jesus é o caminho, eu sou o pedágio”. Objetivamente o que fica claro é que para percorrer o caminho que é Cristo, a membresia necessita passar pelo pedágio. O pedágio é caro!

Quem sabe alguns diriam que a manutenção do caminho requer cuidados e que esses cuidados demandam a necessidade de recursos. Acontece que os recursos, que deveriam ser mínimos, tornam-se grandiosos em face da opulência que cerca a atual postura da teologia da prosperidade tão difundida nos meios tortuosos da fé cega e da faca amolada. O pedágio tem encarecido tanto o custo de utilização do caminho que Jesus Cristo deixou de ser “o caminho” para se tornar “o negócio”!

É inegável que os centros de difusão da fé tenebrosa estão se tornando o grande meio de captação de recursos. Tais recursos são usados de forma desenfreada pelos líderes – gerentes do pedágio. As instituições da fé amalucada estão se tornando potências em segmentos econômicos como jamais se imaginou!

As práticas do cotidiano dos conglomerados da fé dizem, sistematicamente, que existe um caminho para a salvação (Jesus), mas que o uso desse caminho não é gratuito. Impossível jornadear na direção dos céus sem cumprir a etapa do pagamento do pedágio. Almeja vida eterna? Pague o pedágio!

A maneira de arrecadar fundos consiste no que se chama de “por deus à prova”. Devolvem-se dízimos e ofertas e a prosperidade começa na terra e se eternizará nos céus. Como se pode provar que Deus cumprirá a expectativa? Eis a grande chave da porta principal! Através de processo permanente de alienação! A massa outorga o que tem e o que não tem e fica esperando por uma prosperidade que jamais virá. Nesse instante de desventurada magia o Cristo deixa de ser o caminho e transforma-se no negócio.

O pedágio tem enriquecido instituições e seus líderes. O pedágio tem furtado a realidade das pessoas e nelas implementado a esperança. Esperança que apesar de ser a última a morrer, certamente se desvanecerá...

Enéias Teles Borges