quinta-feira, 24 de março de 2011

A oração do gato e a oração do cão...

Cão Sábio

Certo dia um cão sábio passou por um grupo de gatos. À medida que se aproximava, percebeu que estavam muito concentrados no que estava acontecendo entre eles e não lhe prestavam a menor atenção. Decidiu então parar e escutar o que diziam. Do meio deles levantou-se um gato grande e solene que olhou para todos e disse: - Irmãos, rezem, e depois rezem de novo e outra vez ainda, sem duvidar; e então, em verdade lhes digo, vai chover rato. Ao ouvir isto, o cachorro riu deles por dentro e afastou-se, pensando: - Oh, gatos cegos e insensatos! Pois não está escrito e eu não sei, e meus antepassados antes de mim não sabiam que o que chove quando rezamos e suplicamos com fé não são ratos, e sim ossos? (Khalil Gibran)

Nota: Observaram que um segmento religioso desdenha da fé e da oração dos outros segmentos? Afinal a oração que vale é sempre a dele, rigorosamente "como imaginava o cão  sábio..."

Enéias Teles Borges 

terça-feira, 22 de março de 2011

O envenenangelho


Cansei de ser “evangélico”! Sei que está em moda dizer isto, mas não digo por causa da moda, como quem vai sendo manobrado como massa, mas sim por causa do nó na garganta mesmo, do aperto no peito e da triste constatação do imenso engano que cegou a igreja evangélica espalhada por todos os lados. Graças a Deus nunca fui “gospel”, mas ser “evangélico” não diz mais o que deveria dizer e não representa tudo o que Deus me chamou para ser Nele em amor e Graça e que está para muito além das portas das igrejas [com “i” minúsculo]. Meu lugar, e o convite que recebi, é para ser do Reino e deste privilégio não abro mão.

O que digo certamente será combatido pelos “santos”, pelos “homens de ‘deus’”, por “pastores” e “gente da visão”. Serei chamado de “perturbador da fé”, “insubordinado”, “sem fé”, “sem aliança”, “sem cobertura”, dirão que estou causando escândalo ou coisas semelhantes a estas, mas assumo o que estou dizendo com a convicção de quem não vai pular do barco naufragando, mas que tem a vontade firme na rocha de ganhar a quantos conseguir, dentro e fora do barco, com minha pregação simples, sem arranjos, sem perverção e o mais sincera/verdadeira possível.

Estou enojado e farto de Atos [feiticeiramente] Proféticos, Teo-loteria da Prosperidade, declarações esquizofrênicas de autoridade, coberturas espirituais e recados dados por um “deus” que nunca cumpre o que promete e muda de idéia e direção como quem troca de sapato. Apóstolos, pastores e bispos que subiram no pináculo do templo e se fazem mediadores entre “deus” e os homens tentando fazer-se iguais a Deus, dizendo o que seu rebanho pode ou não pode fazer, julgando o servo alheio, sob a pena de não ordenar mais a bênção de “deus” aos seus discípulos através de sua autoridade. Campanhas de promoção barata e tentativas algemadas de lotar templos com gente que vem enganada e enganando-se, tentando frustradamente, de todos os jeitos, alcançar a inalcançável oração para a qual Deus não disse “amém”, mas que o “profeta” declarou que aconteceria. É gente que lê e ouve o Evangelho, mas leva pra casa e para o coração o envenenangelho.

Há lugar firme na rocha! Mas estes loucos teimam em construir suas casas/templos na areia. Negaram a cruz, afirmando não haver nela salvação suficiente, inventando quebras humanas de maldições hereditárias e uma santidade apenas moral/sexual/farisaica, sem ética e sem caráter, sem verdade de vida no Evangelho. Não crêem que a armadura de Deus, o capacete da salvação, o escudo da fé, a couraça da justiça, o cinturão da verdade e o calçado do evangelho da paz são equipamentos dados gratuitamente a todos os que crêem, até mesmo aos mais pequeninos na fé e não somente a uma “elite sacerdotal” detentora de uma “revelação nova”.

Denuncio estes lobos enganadores, raça de víboras, envenenadores do Evangelho que, não se contentando em mudar apenas uma vírgula ou til da revelação, perverteram todo o sentido da Palavra, ensinando doutrinas perversas que nada tem a ver com o Caminho/Boa Nova anunciada em Jesus, o Filho de Deus.

Não creio, de modo algum, em um “deus” que só age ou me livra do mau/mal se eu orar/verbalizar/declarar/profetizar meu pedido. Eu creio em um Deus que ouve minhas orações, sim! Todas elas. Muito antes delas me virem aos lábios. Ele me livra de vales da sombra da morte que eu nem imagino que se levantaram contra mim e vou andando em fé.

Meu Deus não se apresenta em “shows da fé”, não faz politicagem, não dá “jeitinho”, não me abençoa só porque sou fiel, mas em Graça e amor me reconciliou com Ele, sem merecimento algum, sem justiça própria, mas justificado mediante a fé Naquele que por mim se entregou mesmo sendo eu um pecador.

Os cantores de Deus não estão nos palcos das TVs, não lotam auditórios, nem ginásios, não são performáticos, mas estão cantando e louvando a Deus dentro das prisões, no silêncio do seu quarto louvando somente a Deus. Não buscam seu próprio interesse de vender mais CDs, não são idólatras de sua própria imagem.

É triste ver tantos amigos, colegas de ministério, gente querida e de Deus, mas que estão fascinados e tentados pela possibilidade de transformar as pedras em pães, de jogar-se do pináculo do templo e venderem suas almas ao principado deste século de sucesso, holofotes e aplausos. Minha oração é para que estes se arrependam e creiam no Evangelho. Abandonem o envenenangelho pregado por interesses pessoais, medidos em números e não na verdade de Deus produzida em amor. Por favor voltem ao Evangelho!

Há um lugar de liberdade e vida pacificada, plenificada, renovada todos os dias. Sem trocas, sem barganha, sem modificar ou acrescentar nada à Palavra revelada em Jesus, nem mesmo as novas interpretações e revelações exclusivíssimas que alguns falsos mestres e falsos apóstolos dizem ter recebido. O caminho antigo ainda é o Novo e Vivo Caminho em Deus. O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo é nossa garantia irrevogável que [todas] as nossas maldições e dores foram levadas sobre Ele. Está dito! Está escrito! Quem ouvirá? Quem vai crer em nossa pregação?

O Deus que disse “arrependam-se e creiam no Evangelho” te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

(Genizah)

Nota: Enquanto a FCFA (Fé Cega, Faca Amolada) continuar atuando, mais pessoas "pensantes" haverão de se afastar...

Enéias Teles Borges

segunda-feira, 21 de março de 2011

É possível pactuar com uma divindade?

O pacto é um acordo entre partes. Vale dizer que, num acordo, os envolvidos precisam possuir uma ferramenta que permita o cumprimento do pacto ou o aferimento do seu não cumprimento. Em palavras bem simples poderíamos dizer que num pacto as partes precisam ser alcançadas, em caso de cumprimento ou não. Não fosse assim como ter a certeza de que o pacto será cumprido?

Eis porque se torna complexo pactuar com uma divindade. O lado humano (material) está à vista e é palpável. Como seria possível formular um acordo entre o lado humano e o lado divino (imaterial)?

Outro ponto que não se cala: como conferir se o pacto está sendo cumprido? Como as partes poderiam se alcançar? Quem poderia arbitrar para saber se o pacto está sendo honrado?

Em resumo eu diria que é impossível tal pactuação. Não seria possível pactuar porque não seria possível o alcance entre as partes - sendo uma material e a outra imaterial.

Como explicar, então, os pactos sugeridos nos centros da fé cega e da faca amolada? Fácil de explicar. Entre as partes (material e imaterial) existe o intermediário que, segundo se sabe, tem condições de promover o alcance entre os pactuantes e saber se o pacto foi assinado, está sendo cumprido ou se foi violado. Esse intermediário tem nome que pode variar conforme a administradora que é contratada. Em alguns lugares ele é conhecido por padre, em outros por pastor, bispo, apóstolo, missionário, reverendo, ancião, diácono...

Quer pactuar com uma divindade? Confia nos intermediários que existem aos borbotões? Então vá e assine o contrato, mas não cobre a assinatura (visível) da outra parte...

(Convictos ou Alienados?)

Enéias Teles Borges

quarta-feira, 16 de março de 2011

Três deuses, um funeral

Os dois texto abaixo foram extraídos do fabuloso blogue DeusILUSÃO.

Três deuses, um funeral (parte 1)

O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.”  (Isaías; 1:3)

Essa “fala”, comparando o povo de Israel a um boi e a um jumento, é de Deus, um tanto quanto estressado com o seu “povo escolhido”, que, como sempre, não estava puxando adequadamente o seu saco.

Um Deus um pouco mais inteligente teria percebido, de cara, que nenhum povo, por mais primitivo ou humilde que fosse, iria nunca gostar de se sentir possuído por alguém, muito menos da forma como um animal é possuído por seu dono. Mas é assim que Deus vê sua obra-prima, de acordo com o livro sagrado que ele usa para ser revelado ao mundo.

E sorte daquele povo por isso, porque nem toda a obra-prima de Deus teria a mesma sorte:

ASSIM diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão.” (Is 45:1)
É. Existiram nações, no plural, que deveriam ser abatidas pelo “povo escolhido”. Aí vem a pergunta inevitável: “Quem teve mais sorte nesse universo: os que nasceram fazendo parte da nação que é tratada como um animal, ou todo o resto que não teve a honra de ser escolhido pelo Criador de todas as coisas e foi predestinado a sucumbir pelo fio da espada dos seus apadrinhados?” Ou seja, é estar entre o cabresto e a espada.

Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.” (Is 45:7)
A Bíblia está repleta de coisas desse tipo (ou piores do que isso) que depõem fortemente contra a ideia de um Deus, ao mesmo tempo, todo-poderoso e, adivinha, bonzinho

Um crente que venha até você com essa ladainha de que o Deus dele é um Deus de amor, ou é um grande hipócrita, ou um grande imbecil, ou um analfabeto, coitado, que só conhece da Bíblia o que o padre ou pastor leem para ele aos domingos

Eu toleraria os dois últimos, porque não se escolhe ser analfabeto, ou imbecil.

Mas ai de vós hipócritas! Que, por fora, são como os túmulos caiados de branco, mas, por dentro, estão cheios de imundícies!” Vosso Deus foi nascido da hipocrisia da palavra e, pela palavra, é mantido vivo e perfazendo todos os tipos de barbárie ao longo dos séculos. Assim sendo, também pela palavra eu destruirei vossa hipocrisia e vos entregarei de volta o vosso Deus.

Morto.

Três deuses, um funeral (parte 2)

Vamos com calma, que o caminho é longo. É que há hipocrisia demais e Deus de menos.

No texto anterior eu fiz uma coisa totalmente vetada a um ateu: usar versículos da Bíblia de forma isolada, para defender um argumento. Apesar de ser esse o modus operandi das quadrilhas que enriquecem à custa da “palavra”, o ateu não tem a mesma prerrogativa e, invariavelmente, vai ouvir de algum religioso que, em certos casos, é preciso “ler o contexto”.

É assim que funciona: quando a “palavra” é absurda demais e dói nas vistas, o crente recorre ao contexto, como se ele, o contexto, tivesse o poder de mostrar que Deus estava querendo dizer outra coisa. Quando não é o caso, o contexto é dispensado e fica valendo o que está escrito, tal e qual como está no versículo, não sujeito a interpretações, uma vez que é a “palavra” sagrada, eterna e imutável de Deus.

Mas só quando convém. E esse é o segredo para se continuar vivendo com a hipocrisia de se estar tão fortemente convencido a ponto de querer impor ao mundo o absurdo de que há, entre nós, uma coleção de livros inteira escrita pelo criador do universo.

Aí você poderia esperar tudo de livros assim, menos que fossem tão absurdamente humanos e tão intimamente vinculados à época em que foram escritos. Supõe-se que um Deus eterno deveria ser, pelo menos, um tanto divino e atemporal. E quando o crente descobre que não é, ele recorre ao contexto:

Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” (1 João; 4:8)

Deus é amor…

Depois de amaldiçoar toda a humanidade pelo erro de apenas duas pessoas (Gênesis 3:14-19);

Depois de afogar quase toda a vida inutilmente, pois o mal continuou (Gênesis 6:7, Gênesis 8:21);

Depois de criar leis cruéis, intolerantes, absurdas, supersticiosas e preconceituosas (Levítico 15:19, Êxodo 21:20-21, Deuteronômio 22:21, Levítico 21.18-20, Deuteronômio 25:11,12, etc);

Depois de matar pessoas e animais inocentes que nada tinham a ver com as decisões do faraó (Êxodo 12:29, Êxodo 9:3-6);

Depois de matar muitos do seu próprio povo escolhido apenas por estarem insatisfeitos (Números 14:27-29);

Depois de provocar o genocídio de vários povos (Deuteronômio 7:1);

Depois de matar um homem apenas por não querer engravidar a mulher do próprio irmão (Gênesis 38:08-10);

Depois de matar um homem apenas por ter catado lenha no sábado (Números 15 32-36);

Depois de matar duas pessoas apenas por terem mentido sobre a venda de um terreno (Atos 05:1-10);

Depois de ameaçar com castigos eternos os que nele não cressem (João 3:18, Lucas 10:10-16, João 3:18, Apocalipse 21:8);

Depois de matar uma mulher apenas por ter olhado para trás (Gênesis 19:26);

Depois de matar dezenas de jovens apenas por terem zombado da careca de um profeta (2 Reis 2:24);

Depois de dizer que ele mesmo criou o mal, o surdo, o mudo e o cego (Isaías 45:7, Êxodo 4:11);

Depois de dizer que no seu julgamento final haverá os piores horrores (Lucas 21:23, Apocalipse 6:8, Apocalipse 9:6);

Depois de queimar vivas várias pessoas (2 Reis 10-13, Números 11:1);

Depois de exigir que matassem as mulheres casadas e guardassem as virgens (Números 31:17-18);

Depois de impedir que um homem fosse ao velório do seu pai (Mateus 8:21-22);

Depois de humilhar uma mulher que buscava a cura para a filha (Mateus 15:22-27);

Depois de assegurar que não veio trazer a paz, mas a espada e a desavença (Mateus 10:34,37);

Depois de matar uma criança inocente pelo erro do rei que ele mesmo escolheu (2 Samuel 12:14,15);

Depois de castigar com pragas terríveis seus desafetos (Números 16:41-50, Números 25:9, 2Samuel 5:6, 2 Samuel 24:15, etc)

Depois de sadicamente enganar seu povo escolhido (Números 11:18-20 e Números 18:31,32);

Depois de ordenar o massacre de crianças, idosos e mulheres grávidas (Deuteronômio 32:25, Ezequiel 9:6, Deuteronômio 2:33,34);

Depois de muitos outros incontáveis atos violentos, cruéis, intolerantes e sangrentos cometidos diretamente ou incentivados por ele… Deus é amor.
Vá, cristão. Vá correndo ler o contexto. Se é que você lê a Bíblia…

“Se mais cristãos lessem a Bíblia, haveria menos cristãos”(Derek W. Clayton).

Nota: Além de bem redigido e de clareza ímpar, o texto do blogue Deus ILUSÃO traz uma lógica irrefutável...

Enéias Teles Borges