domingo, 30 de agosto de 2009

Jesus Cristo - Super Estrela

O mundo carece de um Jesus Cristo. Alguém que, sendo onipotente, ofereça o que todo ser humano aceitaria com prazer: um deus pessoal. Um ser supremo que zele pelo jornadear do homem neste mundo de sofrimento. Quem não deixaria imediatamente de ser ateu ou agnóstico se tivesse certeza plena que esse ser existe? Somente o néscio - o tolo. Quem quereria ser ateu ou agnóstico apenas para ser do contra? Quem não aceitaria uma vida eterna repleta de realizações e desenvolvimento permanente da razão? Acredita-se que ninguém em sã consciência deixaria de aceitar, sendo de graça, imenso dom.

O grande problema reside no fato de que é praticamente impossível saber da existência desse ser supremo. Para tentar localizá-lo, caso exista, é muito difícil. É um ser que se esconde. Que só pode ser imaginado através da subjetividade da fé. Mas a fé não é certeza. Sendo algo concreto e facilmente palpável não seria objeto da fé. Exercitar a fé não é para qualquer um. O racionalista, dentro de sua sinceridade, carece de fatos concretos. Ele não é teimoso! Não é um rebelde sem causa! Observem: não é porque existe uma pregação permanente nos muitos centros de fé que ele, o racionalista, acredite que pelo muito falar e pelo bastante ouvir o ser supremo se materialize. O mundo, portanto, carece de um Jesus Cristo palpável, que não se esconda e que se manifeste de forma simples e objetiva. Ele, segundo os crentes, existe e tem amor de sobra para dar. Mas por que ele não se manifesta de forma inequívoca para os racionalistas sinceros? Sendo ele um ser de pleno amor, por que não demonstrar essa caridade mostrando-se e tornando desnecessária a fé? Por que esse ser não liquida de vez com a necessidade crescente de teólogos que inventam, anos após anos, formas de ver e sentir esse Jesus Cristo?

Seria Jesus Cristo um ser concreto ou uma superprodução? Não seria esse Jesus Cristo uma Super Estrela que é apresentada de múltiplas formas pelos múltiplos centros de fé e de esperança? Uma pergunta que insta em não se calar: Jesus Cristo se de fato o senhor existe por que não se mostra de forma simples e cristalina - sem a necessidade dos olhos da fé? Uma afirmação que não quer se calar: Jesus Cristo: caso o senhor se manifeste de forma concreta e esplendorosa (como os teólogos dizem que o senhor é), o mundo o aceitará! É tão simples aceitar a verdade! É impossível recusar os fatos! Sendo Jesus Cristo um ser de pleno amor, por que não simplifica a vida das criaturas carentes de vida (...)? E que tal vida seja eterna! O mundo aceita – é certeza absoluta!

Não queremos um Jesus Cristo Super Estrela e sim aquele Jesus que os teólogos dizem existir. Basta que ele não se esconda - tornando-se visível apenas para os olhos da fé. A fé é um instrumento que muitos não possuem. São muitos os aleijados - por não possuírem esse membro (a fé). Seria justo não se mostrar de forma concreta para os cegos - aqueles que não possuem os olhos da fé?

É para se pensar: ou apenas existe um Jesus Cristo - Super Estrela ou apenas existe um Jesus Cristo que não quer se mostrar para os que não têm os olhos da fé ou ele simplesmente não existe! Não existe? Não como ser concreto - e sim como uma superprodução dos teólogos - aqueles que possuem olhos da fé ou que usam a fé alheia, de forma espúria, para sobreviver neste mundo vil e tenebroso – usando os centros de fé como um pasto inesgotável.

O mundo real não carece de um Jesus Cristo – Super Estrela. O mundo real clama por esse ser supremo e pessoal. O mundo dos aleijados – que não possuem os olhos da fé, necessita de uma manifestação concreta deste ser que os teólogos dizem que é de infinito amor. Sendo de tão grande caridade por que simplesmente não aparece e diz: estou aqui, venham todos os humanos vivos e os ressuscitados. Sigamos para o paraíso! Venham viver eternamente comigo!

O mundo, sem dúvida, aceitará...

Enéias Teles Borges

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Os anos ocultos de Jesus

Eu estava com minha família e amigos, no mês de julho do corrente ano, na cidade de Caldas Novas, Goiás. É um passeio que teve a sua oitava repetição. Mesmo local, mesmo hotel e os amigos de sempre.

Quanto ao livro de cabeceira que levei para lá, para as minhas leituras que antecedem ao sono, tinha sido lido por inteiro. No dia seguinte saí com minhas filhas e fomos ao shopping “redondo” que existe lá em Caldas. No segundo piso há uma simpática livraria e nela ficamos vendo os vários títulos disponíveis. Cada uma escolheu algo e eu vi um livro em destaque: “Os anos ocultos de Jesus” de Elizabeth Clare Prophef. Comprei e na mesma noite iniciei a leitura.

É um livro esotérico e como ando me insurgindo contra preconceitos dantes arraigados, entreguei-me à leitura do livro, cuja sinopse é esta: “Onde esteve Jesus durante os 18 anos que se passaram entre a sua volta a Nazaré e o batismo no Rio Jordão? As mais detalhadas pesquisas oficiais não conseguiram decifrar esse mistério. No entanto, pergaminhos antigos encontrados num mosteiro do Tibete levaram quatro autores em diferentes épocas a testemunharem sobre as passagens de Jesus pela Índia, pelo Nepal, por Ladakh e pelo Tibete”. O livro não se detém em comentar se as narrativas são verazes ou não. Apenas reúne os relatos dos quatro autores, incluindo a descoberta de manuscritos em 1887, pelo jornalista russo Nicolas Notovitch.

Em resumo o que dizer sobre o livro e sobre a leitura que fiz? Tenho aprendido que é praticamente impossível perder tempo fazendo qualquer tipo leitura – até mesmo receita de bolo ou bula de remédio. O que pode acontecer é se dispensar mais tempo para uma leitura mais ou menos “encorpada”, isto é: dedicar maior tempo para uma leitura, digamos, menos útil e/ou agradável. Sempre é possível reter algo bom e com o exercício de um juízo de valor independente excluir aquilo que é “palha”, separando o joio do trigo. Recomendo ou não o livro? Caso sua leitura “encorpada” esteja em dia eu recomendo, claro. Gosta de dar atenção a outras formas de pensar e escrever? Por que não lê-lo? Fiz uma leitura “quase dinâmica” do livro e aprendi um pouco de geografia, história e detalhes dos costumes locais. Notei também que o principal objetivo (ou um dos principais) foi comprovar se o principal dos quatro autores (Notovitch) de fato esteve naquele contexto e se teve contato com o material que foi objeto de suas afirmações.

Afinal existe algum fundo de verdade nisso tudo? Seria Jesus o mesmo “Santo Issa” de que trata o livro? Convém adicionar essas supostas informações aos outros escritos não-cristãos como aqueles de Plínio, o Moço, Tácito e Suetônio? Para saber se compensa incluí-lo ou se vale considerá-lo como um compêndio esotérico só existe uma forma: lendo-o sem preconceito.

Vale, portanto, a dica.

Enéias Teles Borges

sábado, 8 de agosto de 2009

A matemática da hipocrisia

A matemática da hipocrisia
Autor: Enéias Teles Borges

A semana tem sete dias, que multiplicados por 24 horas chegam a um número: 168. A semana, portanto, tem cento e sessenta e oito horas. Trata-se de um simples exercício de matemática, mas que observado à luz das falsas concepções religiosas mostra quão absurdos podem ser os devaneios humanos.

Os sete dias da semana são vividos pelas pessoas dentro de suas possibilidades e/ou escolhas. Cada semana propiciará sete dias para que cada indivíduo pratique os atos da vida, bons e ruins, supérfluos e necessários. É caminho percorrido a cada ciclo de sete dias ou cento e sessenta e oito horas horas. Terminada uma semana é iniciada outra, na grande batalha pela sobrevivência.

Isto significa, também, que cada um arcará com seus problemas!

Lembro-me de uma modinha infantil: “Ema, ema, ema, cada um com seu problema...” A semana traz seus problemas que precisam ser vencidos ou contornados ou suportados. Cada pessoa tem uma forma de atacar a rotina semanal. Cada cidadão dorme e acorda todo dia sabendo que, ao final dele, terá um dia a menos para viver e em seguida um dia novo para trabalhar. É uma labuta sem fim. A matemática da vida nos conduz a uma simples conta: somente o trabalho honesto traz o sustento igualmente honesto.

Desafortunadamente nem todos enxergam assim. Não avaliam o trabalho e a vida das pessoas pela soma de tudo o que é produzido em sete dias. Na realidade ousam julgar os indivíduos por um momento fugaz. Refiro-me aos que praticam atos típicos da cultura religiosa e que por ignorância se consideram religiosos. São pessoas que, não observando tudo o que é feito nas 168 horas da semana, avaliam os demais pela presença no templo em apenas um dia da semana. Isto é, analisam e julgam as pessoas tendo como base poucas horas de um único dia. Pode ser uma sexta, um sábado, um domingo. Não importa! De uma maneira geral cada segmento tem o seu dia de encontro e a membresia se põe a considerar como justos apenas aqueles que “marcam o ponto”, “batem o cartão” – indo, no dia determinado, ao centro coletivo de difusão de cultura religiosa. Lamentável!

Cansei-me disso e sei de muitos que se cansaram. É desagradável ser julgado por pessoas que não sabem todos os caminhos percorridos, as lágrimas vertidas, os sonhos desfeitos, as frustrações que acontecem semanalmente. Analisam o caráter pela presença ou ausência nos centros da fé cega e da faca amolada. As pessoas são obrigadas a ouvir frases surradas: “senti sua falta, que bom que você veio. Estávamos preocupados com a sua vida espiritual...” Como se tivessem condições de zelar pela vida alheia! Logo eles que não passam, em muitos casos, de hipócritas de plantão. São os malditos igrejeiros, que resumem a vida da pessoa na presença ou ausência nos “esconderijos” da fé. Lá estão muitos que durante a semana distribuem e comem o pão maldito e para o templo se dirigem semanalmente para fingir. Isto mesmo! Fingir que são homens e mulheres de fé...

Quer se esconder? Mostrar um rosto que não lhe pertence? É fácil! Basta ser “figurinha carimbada” nos centros da fé massificada! Ali pouco importa o que foi feito ou se deixou de fazer durante a semana. Vale a presença constante semana após semana – lá, junto com os perfumados! Aqueles que tiram os andrajos semanais e põem as roupas bonitas e trabalhadas da falsidade humana...

Cansei-me! A matemática que não considera todas as cento e sessenta e oito horas da semana não me serve! Não aceito ser avaliado, tendo como critério as poucas horas de um dia que se convencionou chamar de especial ou santificado.

Não hesito em afirmar que tal conta é falsa. É conta da maldita matemática da hipocrisia.
-