Ensinando ou fazendo a cabeça? - I
Transmitir as convicções e temores é ensinamento? Seria uma forma perseverante de fazer a cabeça? Desde cedo (tenra idade) mostrar aos educandos que são “felizardos” (nasceram no lugar certo e no contexto certo) é um ensino efetivo ou uma transmissão sistematizada de conceitos próprios? Poderíamos usar a expressão “conceitos próprios” para os ensinos oriundos da tradição ou da não contestação?
Como diferenciar ensinamento de indução (fazer a cabeça)? É possível sugerir que pais e educadores, em nome do ensinamento, estão contribuindo para alienação em massa, tanto no campo efetivamente social quanto no religioso?
Ensinando ou fazendo a cabeça? - II
Num ponto os criacionistas e evolucionistas concordam: o ser humano é racional e essa característica o diferencia dos demais seres vivos terrestres. Para o evolucionista o uso da razão é uma constante (o que mais lhe restaria, a não ser raciocinar?). E para os criacionistas?
Entre os criacionistas existem aqueles que notadamente confundem “ensinar a usar a razão” com “condicionar comportamentos”. Já tratamos desses tópicos muitas vezes. A grande questão é que a herança contida no bojo dos pais e professores criacionistas tende a ser transmitida da mesma forma que foi recebida.
Já historiei um fato, ocorrido comigo, durante a faculdade de teologia em que um professor, não tendo argumentos para responder a uma pergunta simplesmente disse: “Assim aprendi, assim ensino...”.
Muitos pais e professores se julgam aptos para ensinar e não se dão conta de que simplesmente estão repassando adiante o que receberam e não questionaram. Estão com a “cabeça feita” e treinada para “fazer outras cabeças”.
O expediente, via frases padronizadas, é absurdo: “a especulação é o terreno encantado do diabo”, “quem pensa muito sofre demais”, “quem estuda demais começa a ter idéias bobas na cabeça”, “filosofia deixa as pessoas malucas”, “o aluno não tem competência para questionar professor” e por aí vai...
Quero dar sequência a esse tema geral trazendo ilustrações do dia-a-dia. É fenomenal como as pessoas se julgam grandes educadoras, sem saber, pelo menos, a essência do que julgam estar ensinando. Algo como cego que se julga com visão telescópica...
(Textos extraídos do blogue Convictos ou aliendados - Janeiro/2009)
Enéias Teles Borges - Autor
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