quarta-feira, 30 de junho de 2010

Um convite à reflexão

É possível pensar e depois investigar sem medo? Medo de ter que rever conceitos filosóficos e teológicos? As nossas convicções são oriundas de um zelo investigativo e do compromisso com a verdade? Tais convicções seriam resultantes de uma tradição familiar, social e religiosa?

Uma viagem pelo mundo do questionamento permitiria uma escolha justa entre a verdade e a mentira? O que é verdade? O que é mentira? A diligente busca e o compromisso com a verdade não poderiam levar o homem à decepção?

Um breve relato:

No ano de 1998 eu tive a oportunidade de conviver profissionalmente com uma pessoa muito inteligente e confusa quanto à vida. Permanecia, mesmo tendo ultrapassado a casa dos 40 anos, questionando tudo o que via e vivia. Perguntou-me se eu poderia ajudá-lo. Eu lhe disse que o presentearia com alguns livros que versavam sobre o tema.

Passados alguns dias ele me disse que não queria os livros. Perguntei: por quê?

A resposta não poderia ter sido pior: "sei que se eu ler esses livros haverá uma mudança radical em minha vida. Não quero isso. Não sei se tenho condições de mudar o meu jeito de ser nem quero. Assim está bom. Pode melhorar, mas pode piorar. Prefiro não me arriscar e continuar como estou...". Ele fez uma escolha. Optou por continuar com suas dúvidas e dilemas. O medo o impediu de avançar. Preferiu o quase conforto da dúvida. Considerou inviável dar um salto adiante. Os livros não seriam suficientes para mudar sua vida. Serviriam como símbolo de uma mudança. De uma conquista. Liberdade...

Muitos são o que são e fazem o que fazem por escolha pessoal. Outros não. Uns vivem a vida de forma convicta outros não. A convicção advém da busca e do compromisso exercidos de forma individual. Sem essa busca e comprometimento o que se tem é um comportamento típico do alienado, daquele que se tornou alheio a si mesmo. Há pessoas que não querem admitir a diferença existente entre a prática resultante da busca personalizada e aquela prática decorrente do que se assimilou de outras pessoas, sem qualquer crítica ou questionamento.

Podemos, finalmente, afirmar que existem pessoas efetivamente convictas? Existem pessoas rigorosamente alienadas?

Buscar, sem medo, resposta para essa inquietante pergunta é nosso maior objetivo.
 
 
Autor: Enéias Teles Borges
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